Queria ter descoberto
antes, é maravilhoso", é o que diz um número cada vez maior de mulheres
que, nos últimos anos, começaram a usar o coletor menstrual - que recolhe o
sangue da menstruação em um pequeno copo de silicone inserido no canal vaginal.
A ideia não é nova: os copinhos de
coleta menstrual começaram a ser produzidos industrialmente nos anos 1930, com
altos e baixos em seu uso ao longo das décadas.
Recentemente, o método se tornou
mais popular, graças ao uso de materiais que os tornaram mais confortáveis e
hipoalergênicos, além de menos poluentes.
Muitas mulheres começaram a usar o
coletor por causa da propaganda boca a boca, especialmente nas redes sociais.
Em um número cada vez maior de
fóruns, comunidades e grupos de discussão, elas compartilham experiências,
dicas e dúvidas sobre o tema.
No Facebook, há grupos para marcas
e até cidades diferentes, exclusivamente sobre o coletor menstrual. Uma das
páginas chega a ter mais de 15 mil curtidas.
A BBC conversou com fabricantes e
usuárias do copinho para entender suas principais vantagens e desvantagens.
Vantagens
1. Preço: Mesmo que sejam mais caros inicialmente - custam entre
R$70,00 e R$120,00, a depender da marca - a longo prazo o coletor é mais
econômico, já que elimina a necessidade de comprar absorventes mensalmente.
De acordo com o
fabricante de coletores Mooncups, o copinho compensa seu preço em cerca de seis
a oito meses. E ele pode durar até 10 anos.
2. Autonomia: Diferentemente dos
absorventes, que devem ser trocados em intervalos de poucas horas, os coletores
menstruais só precisam ser retirados, esvaziados e lavados aproximadamente a
cada 12 horas - apesar de que essa recomendação varia de acordo com o
fabricante.
Uma das usuárias, entrevistada pela
BBC, Marta (sobrenome omitido a pedido da entrevistada), diz que os coletores
"são ideais para situações nas que a pessoa vai ficar muitas horas fora em
lugares onde é difícil se trocar, como na praia ou no camping".
3. Conforto: Para muitas mulheres,
cujo fluxo menstrual é pouco, os coletores são particularmente úteis. Os
protetores comuns absorvem a umidade vaginal e podem ressecar a vagina,
causando desconforto. O copinho, não.
Algumas usuárias afirmam que a
sensação de usar o copo de silicone é "mais natural", já que ele é
colocado dentro do canal vaginal.
Também é menor o risco de
"Síndrome do Choque Tóxico" (SCT), uma doença rara que pode estar
associada ao uso de absorventes internos durante mais de oito horas.
4. Sustentabilidade: Como é
reutilizável, o coletor também acaba com a necessidade de embalagens plásticas,
caixas e aplicadores. Além disso, não produz resíduo plástico.
Desvantagens:
1. Adaptação: Pode
levar alguns meses para que a mulher se adapte a colocar e retirar o coletor, e
deixe de sentir incômodo com o cabo de silicone que fica fora do canal vaginal.
A depender do fabricante do copo de
silicone, também é preciso ficar atenta ao tamanho adequado: em geral, há dois
tamanhos, para fluxos mais fracos ou mais intensos.
Em alguns casos, também é
necessário usar, além do coletor, um absorvente fino, para evitar vazamentos.
Além disso, a maior parte das
usuárias entrevistadas pela BBC diz que, no início, parece mais trabalhoso usar
o copinho, por causa da necessidade de removê-lo periodicamente para limpar.
2. Contato com o sangue: Para
algumas usuárias, o uso do coletor é um desafio porque aumenta o contato com o
sangue menstrual. É preciso retirar e esvaziar o copo a cada 12 horas, afinal.
Para Marta, o contato é benéfico
para as mulheres, já que o sangramento mensal, é "algo natural que se
tornou um tabu".
Se a pessoa é mais sensível ao
sangue, no entanto, pode não ser a melhor opção.
3. Higienização: Como é preciso
lavar o coletor depois de esvaziá-lo, é preciso ter acesso a um banheiro onde
isso possa ser feito com privacidade.
Algumas mulheres, por exemplo,
dizem levar consigo uma garrafa de água, para que possam higienizar o copo em
banheiros públicos. Outras esperam para fazê-lo apenas em casa, já que podem
usar o método por até 12 horas seguidas.
Potencial
'revolucionário'
Em muitos países em
desenvolvimento, onde o acesso a absorventes é caro e difícil, a menstruação
impede que garotas vão à escola ou participem em atividades sociais.
Diversos projetos recentes em
países do continente africano demonstraram que o uso de coletores menstruais
por meninas em idade escolar teve um grande impacto tanto em sua educação como
em sua vida pessoal.
Para muitas delas, no entanto, o
preço inicial do método o torna inacessível, a não ser que ele seja fornecido
por organizações de caridade.
Além disso, dificuldades de acesso
à água limpa e problemas para manter a higiene do coletor podem facilitar a
ocorrência de infecções.
Do G1
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